Pela primeira vez à frente de um time do Norte, treinador garante que cada dia trabalhado é um dia vencido: "Aqui precisamos superar desafios".

Atuando pela primeira vez como técnico em um time de Rondônia, Márcio Bittencourt promete desafio e aprendizado em sua passagem pela Região Norte do país. Aos 50 de idade e incontáveis de experiência, o atual comandante do Vilhena mal começou a temporada de duelos e já percebeu que o futebol rondoniense é bem diferente do que se encontra no eixo Rio-São Paulo. 

Ao GloboEsporte.com, o professor revelou pela primeira vez quando e como aconteceram as negociações com a diretoria do VEC.

- Conheci o Gaúcho [Carlos Dalanhol] em 2014, através de uns amigos em São Paulo. Batendo papo com ele acabou surgindo o convite de vir para o Vilhena – resumiu. 

"Quando estamos no time grande não temos dificuldade. Tudo chega fácil e aqui e aqui estamos tendo que superar os desafios" - Márcio Bittencourt

De acordo com o treinador, uma das propostas feitas para a diretoria, ainda no estado paulista, era o de fazer um futebol diferente em Rondônia.

- Falei que se ele quisesse fazer algo diferente daria pra gente vir, mas se fosse para fazer o normal que eles já faziam, eu não poderia aceitar. A princípio ele queria disputar a Copa Verde e Copa do Brasil com os garotos da Copinha. Eu disse que seria arriscado, mas entendia a preocupação, pois fazer futebol é caro – conta.

O trabalho de Márcio com o elenco do Vilhena começou na cidade de Mogi Mirim, interior de São Paulo, em janeiro deste ano. Após cerca de duas semanas nos centro de treinamentos paulistas, a equipe retornou a Rondônia para continuar a preparação no Portal da Amazônia. Segundo ele, a experiência como treinador no Lobo do Cerrado está sendo grande e gratificante.

- Tem sido uma grande lição, um aprendizado muito grande, pois não tinha saído de eixo Rio-São Paulo. Estou gostando muito do lugar, aliás. Quando estamos num time grande não temos dificuldade. Tudo chega fácil, e aqui temos que superar os desafios. Eu que comecei num time grande estou aprendendo muito todos os dias.

Por estar disputando as copas Verde e do Brasil, a diretoria do Vilhena apostou em Márcio devido ao currículo dele em campeonatos nacionais. O primeiro time que o treinador comandou foi o Corinthians, em 2005. Foram 14 anos como atleta e depois mais seis anos como auxiliar dos treinadores no mesmo time. 

- Eu vivi muita coisa no Corinthians. Assumi em 2005 com um ponto na zona de rebaixamento do Brasileirão e saí com 12 na frente do segundo colocado. Deixei o time praticamente campeão. Acabei saindo porque a gente não tem tanta experiência, mas mesmo assim me considero campeão brasileiro, já que 82% dos pontos fui eu que consegui.

Boa parte do conhecimento que tem como técnico de futebol foi adquirido enquanto era assistente de treinadores do Corinthians. Na lista de técnicos com quem Márcio já trabalhou há nomes como os de Carlos Alberto Parreira, Geninho, Daniel Passarella e Tite. 

- Com cada um deles tirei alguma coisa de bom. Foi trabalhando com o Passarella que assumi o time como interino. Depois dele passei para o comando principal.

Esta é a primeira vez de Márcio como técnico em Rondônia, mas na lista de clubes por onde atuou estão Náutico-PE, Santa Cruz-PE, Icasa-CE, Internacional, Araçatuba e Juventus.

- Já rodei bastante por times pelo Brasil e isso é bom, a gente ganha a experiência. Quem sabe eu não volto para um time grande?

Sobre a gestão de Carlos Dalanhol, vice-presidente do VEC, Márcio aponta admiração.

- Gaúcho é muito espontâneo e, no futebol hoje, é difícil ver gente assim. Na maneira dele, ele fala o que pensa e não se preocupa com nada do que vão dizer.